quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A tristeza exata




Mais tarde, amor
Agora vou comprar o pão
Não vou fazer poesia
Não insista, não
Parece normal
Sentar e te olhar
Mas não consigo
Existir sem penar

Porque eu preciso de música
Eu preciso de tua pele
Pra falar
Preciso de uma tarde que caia
Preciso da tristeza exata
E essa você não pode me dar

Eu sinto
Parece que me persigo
Que me jogo à própria sorte
Tudo é muito forte na hora
É quase desumano ficar

Mais tarde
Mais tarde, calor
Mais tarde
Agora não consigo
Agora tudo sinto
Agora sou tão teu
Agora tão ateu
Esse amor.


Angelo Augusto Paula do Nascimento

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A esperança do amor que colore





Risque-me como poema qualquer
Que não foi recitado
Minhas feições são apenas grafite
 Mas se assim queres
Apaga-me
Eu estou rabiscado na vida, mesmo
 Sou teu desenho
Tua arte
Tua monotonia
 Sou teu quadro branco de afetos
Na esperança do amor que colore.

Angelo Augusto Paula do Nascimento

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Tanto penar

“Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar”

(Chico Buarque)





Esse desacerto
Sua insensibilidade
Sua maneira de ignorar
Seu olhar que não me cruza
Suas ruas desertas e escuras
Sua luz que insiste em não brilhar

Essa vida tão longa
E tão curta
Suas ausências profundas
E esse meu sentimento
Que não tem mais por quê
E ainda resiste a respirar...

[Eu nunca vou entender
Essa incompreensão
Do que sinto
E por isso
Desisto
E espero acordar
De todas as músicas de Chico
Que descrevem o meu penar]

Angelo Augusto Paula do Nascimento

domingo, 30 de setembro de 2012

Desconhecido Reflexo




Sendo
Venho hoje
Escrever o proibitivo
O amor vernáculo escondido
As desventuras de olhar-te
E não ter-te comigo

Sendo este que não sou
Procuro por mim
Embaixo da cama
Nas gavetas da cozinha
Entre os papéis da escrivaninha
No espelho
Desconhecido reflexo

Sendo quem não sou
Apenas sendo
Esse estranho dolorido
Eu fingido
Talvez eu seja
Quem tu reconheces
Deixando passar despercebido.

[Inventaram-me, mas eu não mais me cabia
Restara o vazio do que tinha sido
Somado à estranheza do que me tornei]

Angelo Augusto Paula do Nascimento

domingo, 23 de setembro de 2012

Morte morrida



Eu não sei o que escrever por mim
Trago agora uma tristeza
Que não há como contar

Há o medo da morte, meu bem
E esse não há como descrever
Porque já morri de amor
Mas de morte morrida
Nunca vi qualquer poesia.

[Me abraça...]

Angelo Augusto Paula do Nascimento

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sobre o medo das tempestades



A tempestade chegou
Vamos sair da janela
Vamos lá para dentro
Para a proteção dos nossos braços
Para o calor do cobertor

A tempestade
Me dá medo
Me dá um clássico horror
Sua trovoadas
E seus relâmpagos
Seus estrondos
Que interrompem os sonhos

Tem tempestade lá fora
Meu amor
Me dá sua mão
Acende a luz
Fica aqui
Estou com medo de dormir...

Angelo A. P. Nascimento
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